Opinião

Os segredos da psicologia felina, canina e humana

Por Eduardo Ritter
Professor do Centro de Letras e Comunicação da UFPel
[email protected]

Quando nasci, no cada vez mais longínquo ano de 1981, meu pai tinha um cachorro chamado Genro. O porquê de tal nome, eu nunca descobri. O fato é que desde que nasci sempre convivi com todos os tipos de cachorros. Ao longo dos anos, pelo que lembro, tive o Genro, o Fumaça, o Faísca, o Boby, o Urso, o Luby, o Jimbo (durou 16 anos), a Pipoca, a Pretinha, o Violeiro, a Nune, a Estrela, o Jamelão (que já está com 15 e vive com meus pais) e a Bolinha (que está com dez anos e vive comigo). Mais tarde, quando fiz meu estágio doutoral nos Estados Unidos, cheguei a trabalhar nos finais de semana em um hotel para cães em Manhattan para levantar uma grana extra. Além das dicas dos colegas, ainda assisti a vários episódios daquela série "O encantador de cães", com o César Millan e, digo para vocês, funciona.

Escrevo isso porque acho engraçado quando vejo um adulto que nunca teve um cachorro na vida (ou teve um ou dois, no máximo) e pega um cusco para o filho(a)/ neto(a) e afins. Geralmente essas pessoas não tem ideia de como cuidar/tratar um cachorro. O problema é que geralmente quem sofre com isso é o próprio animal, que é tratado como um brinquedo da criança, que com o tempo se larga num canto, sem receber nenhuma atenção. Felizmente, porém, é possível se aprender de tudo nessa vida, desde que se tenha humildade para reconhecer o desconhecimento sobre determinado assunto.

Eu, por exemplo, estou aprendendo muito sobre gatos. Meus pais não gostam de gatos, portanto, comecei a conviver com felinos apenas em 2017, quando peguei primeiro o Ziri, depois a Cléo e, por fim, a Male (abreviatura de Malévola). A partir das adoções, comecei a pesquisar sobre os bichos, a ver vídeos, a assistir "Meu gato endiabrado", do Jackson Galaxy, e por ai afora. Não entendo tudo de gatos, mas deixei de ser um analfabeto no assunto. Ok, ainda não cheguei ao ponto de entender por que o Ziri coloca sempre um rabicó de cabelo em cima da comida (acho que é para os outros não comerem) e até acho ele meio burrinho por adotar essa lógica, mas ainda chego lá.

Enfim, tanto no caso dos cães, como no dos gatos, ver vídeos, conversar com outros tutores e estudar sobre o assunto sempre ajuda. No caso dos humanos, por sua vez, mesmo sem ser psicólogo, creio que a literatura é uma das melhores formas de se conhecer a infinita variedade de personalidades da espécie. Por isso gosto dos mais variados tipos de livros: partindo das baixarias do Bukowski, passando pelos universos criados por Erico Verissimo e Gabriel García Márquez, até as críticas sociais e engajadas de Ana Maria Gonçalves e Chimamanda Adichie. Geralmente quando lemos livros identificamos pessoas que conhecemos com algum personagem, e vice-versa: quando conhecemos melhor alguém, lembramos de algum personagem literário (essa só quem gosta de ler vai entender...).

Portanto, se você é como políticos sem sensibilidade humana ou empatia (do tipo que não consegue se reeleger nem síndico de prédio ou presidente), vai uma dica: leia. A literatura ajuda a entender o ser humano. O que não é pouca coisa.

Um bom final de semana para todos enquanto eu vou ficar tentando descobrir o sentido de colocar o nome de um cachorro de Genro e da insistência do Ziri em colocar rabicó na comida...

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

A falta de sustentabilidade no ambiente urbano

Uma Vida A História de Nicholas Winton Próximo

Uma Vida A História de Nicholas Winton

Deixe seu comentário